Eu queria viver de palavras. Algum lugar paralelo onde crônicas me
alimentam e são a base da minha vida – enchem a minha conta bancária suficiente
pra viver em algum apartamento da Tijuca. Crônica por amor, crônica por hobby,
crônica por trabalho.
Queria seguir assim, observando, absorvendo e cronitizando*. Ouvi
dizer por aí, num café do Centro, na rua do Ouvidor, na boca de algum boêmio da
lapa e uma lanchonete com temática dos anos 50, na mesa do jantar, que crônica
não leva ninguém à lugar nenhum . Como boa observadora, discordei em
pensamento. Crônicas me levam a algum lugar que eu não sei, só sei que é bom.
Um tal lugar utópico onde a prosa, a arte, é levada a sério.
Eu queria gastar papeis com palavras que seriam lidas e
consideradas. Queria que o sorriso fosse ispiração. Queria que o amor se
desbanalizasse e que isso fosse para todos e atos considerados pequenos –
abraços, beijos, ver o pôr do sol no Arpoador, filmes a dois e chocolates
quentes – fossem mais comuns, mas não perdessem a importância. Eu queria viver
de crônica.
*Do verbo
“cronitizar”. Pela licença poética, dada a mim por mim mesma, significa
transformar em crônica ideias e pensamentos.
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